quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Vitamina D dobra possibilidade de cura no tratamento

O "World Journal of Gastroenterology" de dezembro publica a mais recente confirmação do efeito benéfico da inclusão da vitamina D no tratamento da hepatite C ao ser utilizada conjuntamente a utilização do interferon peguilado e ribavirina. 

Em fevereiro de 2009 (dois anos atrás) comecei a falar sobre a importância da vitamina D para quem têm uma doença no fígado e durante o mesmo ano comecei a mostrar que aumentando o nível de vitamina D no organismo poderia ser possível aumentar a possibilidade de cura ao realizar o tratamento. Por divulgar os benefícios de uma vitamina e não de um medicamento recebi muitas criticas por parte de médicos, agora, com mais esse estudo todos aqueles que torciam o nariz não acreditando que uma simples e barata vitamina poderia aumentar as possibilidades de cura deverão rever, em beneficio dos infectados, seus conceitos. 


O novo estudo foi realizado em Israel para determinar se realmente a adição da vitamina D, um potente imunomodulador, melhora a resposta terapêutica no tratamento da hepatite C. 


Este foi um estudo de intenção de tratar prospectivo e randomizado, incluindo 72 pacientes infectados com o genotipo 1 da hepatite C que nunca tinham recebido qualquer tratamento anterior, os quais foram aleatoriamente distribuidos em dois grupos de estudo. 


Um grupo formado por 36 homens com idade média de 47 anos receberam durante 48 semanas peginterferon alfa 2-b (PegIntron) na dose normal de 1,5 mcg/kg por semana e ribavirina conforme o peso, entre 1.000 e 1.200 mg/dia, em conjunto com vitamina D3 objetivando alcançar um nível acima dos 32 ng/ml. 


Um segundo grupo, também formado por 36 homens com idade média de 47 anos receberam durante 48 semanas peginterferon alfa 2-b (PegIntron) na dose normal de 1,5 mcg/kg por semana e ribavirina conforme o peso, entre 1.000 e 1.200 mg/dia, mas sem a adição da vitamina D3. 


No grupo tratado conjuntamente com a vitamina D3, a mesma foi administrada em gotas orais durante 4 semanas antes do inicio do tratamento na dosagem de 2.000 IU/d objetivando um nível superior aos 32 ng/l. A dosagem de 2.000 IU/d de vitamina D3 foi introduzida 4 semanas antes do inicio do tratamento e mantida até o final, completando 52 semanas de utilização. 


Teoricamente o grupo que recebeu a suplementação da vitamina D3 deveria ter apresentado uma menor possibilidade de cura, pois nesse grupo a massa corporal, medida pelo IMC era de 27 em média, contra 24 no grupo controle, em relação à carga viral 50% apresentavam uma carga viral inicial acima de 800.000 IU/ml, contra 42% no grupo controle e o grau de fibrose acima de F2 atingia 42% no grupo tratado com vitamina D3 contra somente 19% no grupo controle. 


Mas os resultados obtidos surpreendem. A resposta virológica rápida (indetectável na semana 4 do tratamento) atingiu 44% dos pacientes recebendo vitamina D3 os quais se encontravam indetectáveis, contra 17% no grupo controle. Na semana 12 do tratamento 94% dos pacientes do grupo com vitamina D3 estavam indetectáveis, contra 48% do grupo controle. 


E a resposta virológica sustentada (indetectável aos seis meses após o final do tratamento) que é a cura da hepatite C, foi obtida por 86% dos pacientes que receberam conjuntamente a vitamina D3 contra 42% dos pacientes que receberam o tratamento tradicional de interferon peguilado e ribavirina. 


Entre os pacientes que completaram as 48 semanas de tratamento foi observada uma recidiva do vírus nos seis meses após o final do tratamento, de 8% no grupo que recebeu a vitamina D3 e de 36% no grupo tratado da forma tradicional. A não resposta (não respondedores durante o tratamento) foi de 6% no grupo que recebeu a vitamina D3 contra 22% no grupo tratado da forma tradicional. 


O índice HOMA-IR que mede a resistência a insulina, um fator negativo para se obter a cura, teve uma redução significativa no grupo que recebeu a vitamina D3, passando de uma média inicial de 4,5 para 2,3. No grupo tratado de forma tradicional a média inicial que era de 4,6 somente teve uma redução para 4,0. 


Os efeitos colaterais foram iguais nos dois grupos, iguais aos que acontecem com o tratamento tradicional de interferon peguilado e ribavirina. Não foi observado nenhum efeito colateral novo em função da vitamina D3. 


CONHECENDO A VITAMINA D 


A vitamina D é metabolizada pelo fígado e convertida em 1,25-diidroxi-vitamina D3, que é a forma ativa da vitamina. Indivíduos com doença hepática crônica podem apresentar níveis pobres de vitamina D3 no organismo. 


Deficiência ou insuficiência de vitamina D pode alterar o equilíbrio entre o cálcio extracelular e intracelular das células, o que pode interferir com a liberação de insulina, assim, a falta de cálcio ou vitamina D pode resultar em resistência periférica à insulina. 


O nível ideal de vitamina D no organismo ainda é um assunto em debate. Neste estudo os pesquisadores estabeleceram um limite superior a 32 ng/ml como nível ideal para aumentar a resposta terapeutica durante o tratamento da hepatite C. 


Também baixos níveis de vitamina D ainda podem acelerar a progressão da fibrose e diminuir a possibilidade de cura da hepatite C conforme a pesquisa realizada na Itália. Parece ser uma boa pedida que na próxima consulta você solicite ao seu médico um pedido de dosagem do nível de "25-hidróxi-vitamina D" no sangue. Esta fração da vitamina D é o melhor indicador da situação total da vitamina D no organismo. Certifique-se que o pedido seja especificamente de dosagem de 25-hidróxi-vitamina D. 


Mas cuidado, "vitamina D em excesso também e prejudicial à saúde". Sempre consulte seu médico antes de se automedicar, até com uma simples vitamina! 


CONCLUSÃO 


A adição da vitamina D3 durante o tratamento da hepatite C utilizando interferon peguilado e ribavirina melhora significativamente a resposta terapêutica, aumentando a possibilidade de cura. 


O resultado da pesquisa é de tamanha importância que o "World Journal of Gastroenterology" o disponibiliza gratuitamente na integra em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3243885/?tool=pubmed 


Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte: Vitamin D supplementation improves sustained virologic response in chronic hepatitis C (genotype 1)-naïve patients - Abu-Mouch S, Fireman Z, Jarchovsky J, Zeina AR, Assy N. - World J Gastroenterol. 2011 Dec 21;17(47):5184-90. - Saif Abu-Mouch, Liver Unit, Department of Internal Medicine B, Hillel Yaffe Medical Center, Hadera 38100, Israel. 


Carlos Varaldo

Presidente do Grupo Otimismo

www.hepato.com


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